Caminho de Ossos
História por Michel Reis
Adaptação por Vitor Spadacio Pisani
Introdução
AS
LUZES BRILHAVAM FORTE vistas do céu de Paris. Tiago Xavier
agradecia a chegada, observando entre o vidro do avião e sua confortável
poltrona a pista de aterrisagem. Estava inquieto, incomodando o parceiro da
poltrona do lado. A voz anunciou em alto bom tom a chegada em Paris, com os
trejeitos da aeromoça, que fora agraciada de um requinte único, todos se
preparavam para descer quando a náusea acertou em cheio Xaiver, o deixando para
trás no banheiro.
-Vamos Xavier, você vomita do lado de
fora - disse Michel.
O amigo apoiado na privada sinalizou com
a mão, soltou sua última golfada e limpou a boca. Se levantou e partiu.
Era um grupo de grandes amigos, todos
costumavam sair e realizar diversos passeios. Viviam em uma cidade do interior
de São Paulo, no Brasil. Não era muito longe da capital, ainda sim ficavam
separados por sessenta quilômetros. Alguns namoravam, outros preferiam
aproveitar a noite, tinham uma filosofia boêmia. Eram amigos dos mais
diferentes tipos, crenças e peculiaridades. Contudo jamais haviam viajado para
fora do país, e tudo isso foi graças a sorte. Durante um evento chamado Anime
Friends, de cultura pop e japonesa, foram sorteados pela empresa Agro Nippo,
fornecedora do produto mais consumido no evento, o suco de soja Mupy. O período
da viagem ganha era de 4 dias com hotel, refeições e um bônus em dinheiro para
diversão.
Logo quando chegaram no aeroporto foram recebidos
por uma guia turística, de rosto fino, lábios simples e cabelos longos
ondulados, num tom castanho. Ela seria a ponte entre o pouco conhecimento francês
do grupo e a vontade de aproveitar o máximo da viagem.
-Bienvenue! - carregava uma placa com o
nome Discórdia escrito. Não sabia
muito bem o que significava, seu português era jovem e mesclava palavras
francesas ao meio de suas frases.
Célio, conhecido como Juninho, cutucou
Kenji, para a beleza peculiar francesa da moça. Os demais continuaram
observando os arredores, vislumbrados por cada detalhe imperceptível para um
morador local.
-Irei levar vous para l’hôtel. Não se inquietem,
um taxi os espera.
Na saída do lado todos pegaram suas
malas, que não eram muitas. Estavam munidos de poucas roupas e algumas malas
extras, para levar as compras que realizariam no exterior. O juros do Brasil
era alto, compras em outro país sempre soavam melhor. Em seguida a guia fez um
comentário.
-Peu - ela pausou, tentando lembrar da
palavra em português. - Trouxeram pouca bagage.
Juninho comentou rapidamente com a moça.
-Foi corrido, não tivemos muito tempo
para nos arrumarmos. Afinal, são apenas quatro dias.
-Les estrangérie adoram visiter Paris.
Então o grupo seguiu para o táxi. A cor
do carro era branca, com o letreiro branco escrito Taxi Parisien. Durante todo o caminho observaram deslumbrados a
arquitetura dos prédios, os distantes pontos turísticos e os detalhes da
cidade.